A ideia era comer algo rapidinho antes de pegar o metrô e, aí sim, refastelar-nos na audiência de uma ‘conversa’ entre o mundialmente conhecido artista plástico Ai Weiwei e o renomado Kenneth Roth – manda-chuva do Human Rights Watch há mais de 25 anos. Se você clicar nos nomes será encaminhado(a) às páginas da Wikipedia dos mesmos e entenderá perfeitamente por quê eu tinha certeza que este seria o assunto da minha crônica de hoje.

Mas, como acontece alguma vezes, o sublime se manifesta de maneira inesperada. E, mesmo envolvida num papo animadíssimo com minha filha de 18 anos – futura universitária em Artes Plásticas -, notei um desenho bonito no descanso do prato (de papel) . E um texto. Aiaiai. Sou uma otária pra todo estes textinhos.
Não queria confessar mas, na verdade, notei o texto primeiro 🙂 E aí minha filha se transformou numa vozinha distante e eu, no Newton. Veio aquele momento Eureka, sabe. Mas sem a invenção. Só o deslumbramento.
“Kintsugi é a arte japonesa de consertar a cerâmica quebrada e não esconder as rachaduras. O ouro é usado para enfatizar a beleza do que já foi quebrado. Em vez de usar uma cola para que o prato/vaso/copo fique igualzinho ao que era antes, utiliza-se o ouro -uma mistura resinosa de laca e ouro – e , assim, realçam-se as fissuras.
E que tal tratarmos as nossas vidas do mesmo modo?! . O momento em que aceitamos e compartilhamos nossas rachaduras é quando nos tornamos inteiro novamente. Mais abaixo, dizia “orgulhe-se de suas quebras, elas são o mapa de uma vida vivida, nos deixa mais fortes e mais bonitos do que antes”.
E aqui eu tenho de voltar ao “Menino, Toupeira, Raposa e Cavalo” . Se você não leu este post, clica no sublinhado e volta lá. Em alguns dos desenhos do Mckesie ele enfatiza exatamente isto.


Portanto, Kintsugi NÃO é a arte de emendar potes quebrados em vez de esconder as rachaduras. É uma homenagem à Imperfeição.
Cunha, que incrível me encontrar mais uma vez com o Kintsugi! Usei como metáfora no tratamento psicopedagógico qd da minha titularidade como Psicopedagoga. Lindo.
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Fui atrás do livro, é lindíssimo!!!! Boa dica!
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O maximo mesmo. Amei!
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Já conhecia este procedimento de valorização do reparo com ouro e penso que além de ser uma valorização do imperfeito, é também uma ruptura na perfeição abstrata e uma valorização da resiliência do ser que, com o ouro da superação, se torna um ser mais iluminado.
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Com certeza. Como dizem os ingleses, “I couldn’t have put it better myself. bjs
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